Há dias passei na rua que fica acima desta quinta abandonada, paredes meias com a Quinta Magnólia, no Funchal, que aqui mostro em dois planos diferentes.
Olhei demoradamente para aqueles espaços sem tecto que parecem ter sido levados pelo tempo e por incêndio.
Imaginei o dia em que recebeu as primeiras pessoas e a alegria que tiveram.
E imaginei a vida que a casa já terá conhecido naquelas diferentes divisões.
Mas, inevitavelmente, fiquei triste por voltar a perceber que tudo é efémero.
The Ritz. A história deste espaço tem origem no início do século XX. Aí por 1904/1905, Christian Ritz, um empresário norte-americano, de Nova Iorque, com ascendência da Suíça, que conheceu a Madeira por acaso, acabou por fixar residência na ilha e abriu com um parceiro um pequeno café no Funchal. Chamou-o Ritz.
Em 1910, este comerciante têxtil de sucesso, que fazia negócios entre a Europa e os EUA, e que casou com uma madeirense, que se chamava Clara, mudou o Ritz para as instalações atuais instalações.
O Ritz era um café charmoso para a sociedade, com danças e chá da tarde, onde os empresários se encontravam.
Depois de alguns anos, Christian e Clara tiveram que deixar a Madeira para lidar com seus assuntos familiares em Nova Iorque e Filadélfia.
O Ritz continuou a existir em muitas formas, desde um café da alta sociedade até um stand de vendas para carros, e ainda como sede da ACIF - Câmara de Comércio e Indústria da Madeira. Por isso, durante dezenas e dezenas de anos o Ritz deixou de existir ao ponto de quase ninguém saber que ali tinha sido um café famoso do princípio do século.
Entretanto, aquele espaço e um prédio vizinho sofreram um incêndio. Depois de recuperado sobretudo o telhado que tinha sido mais afetado, os serviços que ali estavam mudaram para outros lugares. Ficou à espera de oportunidades. Até que no início da década de 10 do século XXI, o Ritz Madeira reabriu no espaço onde esteve a Toyota e a ACIF.
Os novos proprietários garantiram que o edifício fosse restaurado desde as bases até a decoração interior. Todos os acessórios originais permaneceram intactos.
Hoje, o Ritz é considerado por muitos como um dos edifícios mais majestosos da Avenida Arriaga, que rasga o coração da cidade do Funchal..
Os famosos azulejos antigos azuis e brancos contam histórias da ilha, dos navegadores aos agricultores, dançarinos tradicionais, turistas e comerciantes que a visitaram.
No andar de cima, encontra-se um grande espelho dourado ornamentado, que viajou desde o Castelo de Cardiff até o Ritz na Madeira.
Este conjunto edificado da cidade do Funchal sobressai na Zona Velha da cidade. De uma forma sintética, vemos o edifício de um amarelo intenso, o Forte de São Tiago. Logo acima está a torre da igreja do Socorro. Um pouco à sua esquerda encontra-se o hotel Quinta Bela de São Tiago. E, mais abaixo, ao lado do forte, surge o hotel Porto Santa Maria.
Vemos aqui três vertentes, e até quatro, se formos mais perspicazes. Em primeiro lugar sobressai a torre da Sé do Funchal, aqui a marcar 12.35 horas. Em segundo lugar vemos o nome Restaurante Caravela, hoje desativado, situado no topo de uma construção emblemática da cidade o Edifício Chorão Ramalho, propriedade da empresa João de Freitas Martins, e lá ao fundo a serra, pincelada aqui e ali com algumas aves.
A fotografia não é de hoje, antes de um dia numa semana qualquer. Importa a reter a beleza que presenteia a cidade um porto cheio de navios de cruzeiro, vistos aqui a partir da Praça do Povo, um nome que, convenhamos, não foi muito feliz, mais adequado a regime totalitário de um país de leste ou asiático.
A árvore no topo indica o Pico dos Barcelos, um dos pontos turísticos mais relevantes da cidade do Funchal devido à vista soberba que proporciona para a capital da ilha da Madeira. Diria que estamos a ver a parte posterior do miradouro.
À esquerda vemos um grande empreendimento imobiliário, com habitações particulares.
O navio de cruzeiros Mein Schiff 4, atracado no Porto do Funchal. Este paquete da TUI Cruises tem pautado esta estação de inverno com as suas escalas regulares caraterizadas por ficar duas noites na Madeira, proporcionado imagens belas como esta.
À direita da imagem podemos ver ainda o topo do hotel The Vine.
Esta ave, que penso ser um milhafre, ou andará lá por perto, foi captada na torre da igreja de Santa Clara. Mais uma vez, tal como em outras ocasiões, parece estar a olhar para mim, o que até pode ser, mas estava um pouco distante para poder sentir e ver a minha presença. De qualquer forma, entre mim e a ave não havia obstáculos.
A fotografia mostra a graciosidade da ave. E evidencia ainda mais, o estado daquela pedra que se degrada continuamente e ainda o que parecem ser dois pregos que não se percebe bem o que fazem ali. Se a intenção seria segurar algum fio que pretendesse impedir precisamente o pouso de aves há muito que essa artimanha foi pelos ares e não está a cumprir a sua função há muitos e muitos anos pois sempre vi animais voadores, sobretudo desta família, a fazer daquele ponto um local de descanso e talvez de controlo.
O navio chega silenciosamente ao Funchal para mais uma escala no porto. É o Astoria, um paquete com muitas histórias, como a de ter abalroado um navio em Nova Iorque e o ter afundado. Está no Registo Internacional de Navios da Madeira, que integra o Centro Internacional de Negócios da Madeira. Por essa razão, tem o nome Madeira escrito na popa e navega com a bandeira de Portugal.
O edifício Funchal Centrum surgiu no lugar de outros com muitos anos e histórias. É verdade que foi mais uma machada no património construído que a mim custa muito ser destruído.
Seja como for, contrariamente a toda a polémica que surgiu em redor do novo empreendimento, que tem um centro comercial, apartamentos e escritórios, e ainda um hotel premiado internacionalmente, o The Vine, com muitas vozes a criticarem, eu não vejo mal algum, antes um edifício harmonioso.