A cidade encantada


O Funchal é uma cidade cosmopolita. Capital da ilha da Madeira, a completar 600 anos desde que os portugueses aqui chegaram em 1419, a cidade tem sabido trazer até os nossos dias a história destes séculos através da cultura, da arquitetura e a arte de bem receber reconhecida por quem nos visita.

Hoje é possível vivenciar a cidade moderna, europeia, ao mesmo tempo que mostra a história pincelada neste belo quadro que constitui a sua orografia única..

O Funchal deve o nome a uma planta, o funcho, com um sabor aromático inconfundível e com aplicações culinárias.

É também com o funcho que são feitos os típicos os rebuçados de funcho, de fabrico artesanal, cilíndricos, de cor alaranjada e com sabor à planta.

A cidade foi uma das primeiras capitanias da ilha da Madeira, criada em 1424, poucos anos depois dos portugueses aqui chegarem. Foi nessa altura que começou o povoamento.

Em 1508 foi elevado a cidade.

No século XIX, em 1835, fruto do crescimento e do desenvolvimento contribuiu para que se desenvolvesse até aos limites atuais.

O Funchal sempre foi um ponto comercial estratégico devido à sua localização privilegiada no oceano Atlântico.
Daqui saiu primeiro o açúcar e depois o vinho, o ícone da ilha que ainda continua a ser o seu maior embaixador.

No século século XVII acentuou-se a presença de comerciantes vinícolas britânicos que modificaram os modos de vida, a morfologia arquitetónica e o desenvolvimento económico da cidade.

Além do incremento económico, este intercâmbio prolongado enriqueceu culturalmente as gentes da cidade.

O Funchal convida a um calcorrear com calma as ruas estreitas, os passeios de calçada portuguesa e as avenidas largas que a rasgam de uma ponta à outra, permitindo apreciar as fachadas de casas antigas e edifícios modernos, visitando museus, os valores arquitetónicos e todo o seu património que é muito vasto.

Tem de visitar o Museu de Arte Sacra, localizado no antigo Paço Episcopal, com a sua rica coleção de pintura flamenga, evocativa do esplendor do comércio do açúcar. Muitos quadros foram adquiridos pelos mercadores do século XVI.
Uma das fachadas do museu está virada para a Praça do Município onde está a fonte desenhada em 1942 pelo arquiteto Raul Lino.

Pode visitar a Old Blandy Wine Lodges, com entradas na Avenida Arriaga, Rua de São Francisco e Rua da Carreira. Ali encontra uma garrafeira com centenas de garrafas vintage com mais de 100 anos, que podem ser compradas.

Ali perto está o Palácio de São Lourenço, resultante da arquitetura militar seiscentista e residência dos governadores da ilha entre os séculos XVIII e XIX.
O edifício está classificado como monumento nacional.
Igualmente não muito longe está o Teatro Municipal Baltazar Dias, inspirado no famoso “La Scala” de Milão, construído entre 1884 e 1887.

Uma visita ao Funchal não dispensa conhecer o Mercado dos Lavradores com produtos diversos onde sobressaem sobretudo os espaços de exposição dos vendedores. A Sé do Funchal é visita obrigatória, pelo seu inegável valor histórico, arquitetónico e artístico. Destaque para o retábulo da capela-mor mandado fazer entre 1510-1515 pelo Rei D. Manuel I.

A porta principal exibe linhas góticas, e as peças de talha dourada do século XVII evidenciam algumas características do período manuelino.

A Igreja do Colégio de São João Evangelista que pertenceu aos jesuítas, merece igualmente a sua visita, assim como sentar-se numa esplanada a tomar uma cerveja Coral ou beber um café e comendo num dos muitos restaurantes recomendados que pincelam a cidade onde pode comer as típicas espetadas, os bifes de atum ou os filetes de espada, e igualmente a cozinha internacional e nacional que confecionam.

A Zona Velha tem de ser visitada durante o dia, para caminhar pelas ruas, nomeadamente a de Santa Maria, e demorar a ver a extensa galeria a céu aberto que são as portas pintadas, exibindo mais de 200 obras de arte de artistas convidados, que mais sobressaem na Rua de Santa Maria, e igualmente à noite para tropeçar e deixar-se ficar por um dos inúmeros restaurantes que preenchem esta mesma rua, que se transforma com esplanadas que brotam dos edifícios para a rua calcetada. E, depois não pode deixar de beber a poncha tradicional.

Também pode deixar de visitar o Monte onde pode subir através do teleférico. Além de poder contemplar a cidade a seus pés, naquele ambiente de paisagem e envolvência românticas, tem de visitar o Jardim Tropical do Monte Palace, e a Igreja da Nossa Senhora do Monte, onde está sepultado o imperador da Áustria, Carlos I, exilado na Madeira.

E, depois pode regressar ao centro no mesmo teleférico mas sugiro que o faça no típico carro de cestos, uma experiência que jamais esquecerá, apesar de hoje só percorrerem cerca de metade do percurso inicial, que vinha mesmo até ao centro, até perto do Rua do Pombal, onde começa o Caminho do Comboio.

A descida continua a ser uma aventura a não perder acerca da qual já Ernest Hemingway dizia ter sido uma das experiências mais hilariantes da sua vida.

A cidade, com as suas 10 freguesias, tem 76 km² de área e cerca de 112 mil habitantes.

Há uma curiosidade em relação ao território do Funchal que tem a ver com as ilhas Selvagens, que ficam a 250 quilómetros a sul. Pertencem ao município mas estão mais próximas das ilhas Canárias, em Espanha.

O Funchal apresenta um clima mediterrânico com temperaturas amenas durante todo o ano.